ATA DA TRIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 31-8-2000.

 


Aos trinta e um dias do mês de agosto do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues à Artista Plástica Beloni Ferreira e à Banda Motivos Óbvios, nos termos, respectivamente, do Projeto de Resolução nº 19/00 (Processo nº 0996/00) e do Projeto de Resolução nº 013/00 (Processo nº 0791/00), ambos de autoria do Vereador José Valdir. Compuseram a MESA: o Vereador Adeli Sell, presidindo os trabalhos; o Senhor Carlos Eduardo Lemann, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Cláudio Ely, representante da Secretaria Municipal da Cultura; a Artista Plástica Beloni Ferreira, Homenageada; a Senhora Marieti Pacheco, integrante da Banda Motivos Óbvios; o Vereador José Valdir, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, registrou a presença dos Senhores Henrique, Rick, Renato, Éverton e Émerson, integrantes da Banda Motivos Óbvios. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador José Valdir que, em nome de todas as Bancadas com representação na Câmara Municipal de Porto Alegre, reportou-se às características comuns de autenticidade e compromisso com a transformação social presentes nas obras da Senhora Beloni Ferreira e no trabalho musical desenvolvido pela Banda Motivos Óbvios. Também, procedeu à leitura de poesias de autoria de Sua Excelência, intituladas “Motivos Óbvios” e “Beloni e a Terra”. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador José Valdir a proceder à entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues à Senhora Marieti Pacheco, representante da Banda Motivos Óbvios, e à Senhora Beloni Ferreira. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra às Senhoras Marieti Pacheco e Beloni Ferreira, que agradeceram os Prêmios recebidos. Na oportunidade, o Senhor Presidente convidou alunos do Lar e Creche Vó Maria a procederem à entrega de flores à Senhora Beloni Ferreira. A seguir, a Banda Motivos Óbvios realizou apresentação artística, interpretando as músicas “Quadrilha”, “Jah Children” e “Direitos Iguais”. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e vinte e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Adeli Sell e secretariados pelo Vereador José Valdir, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, José Valdir, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues à Artista Plástica Beloni Ferreira e à Banda Motivos Óbvios.

Convidamos para compor a Mesa a Sr.ª Beloni Ferreira, nossa homenageada; a Sr.ª Marieti Pacheco, representando a Banda Motivos Óbvios; o Sr. Carlos Eduardo Lemann, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Sr. Cláudio Ely, representante da Secretaria Municipal de Cultura.

Convidamos todos os presentes, para em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Gostaria de lembrar a todos que estamos, hoje, iniciando a Semana da Câmara Municipal para comemorar os seus 227 anos.

Queremos registrar a presença dos componentes da Banda Motivos Óbvios que recebem também o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues, junto com a nossa querida Sr.ª Beloni, a Sr.ª Marieti Pacheco, vocalista; Henrique, percussão, back vocal; Rick, baixo; Renato, guitarra, back vocal; Éverton, guitarra; Émerson, bateria.

O Ver. José Valdir está com a palavra e falará em nome de todas as Bancadas que compõem esta Câmara Municipal.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta Casa faz muitas homenagens e oferece muitas possibilidades para fazê-las. Temos tido a preocupação, no entanto, de seguir uma linha coerente com o perfil do nosso mandato na proposição de tais homenagens, fugindo de uma espécie de elitismo épico que privilegia figuras ligadas às elites, autores de grandes feitos ou, pelo menos, feitos aparentemente vistosos; normalmente homenagem a símbolos do conservadorismo. Nós temos procurado homenagear pessoas do povo ou pessoas identificadas com o povo, pessoas que tenham um compromisso com a participação, com a democracia, com a inclusão e com a justiça social.

As homenagens desta noite estão perfeitamente dentro dessa critérios. Tanto a artística plástica Beloni Ferreira, quanto os integrantes da Banda Motivos Óbvios, já nominados aqui pelo Ver. Adeli Sell, que preside esta Sessão, são pessoas do povo que a medida em que passam a ganhar o reconhecimento desta Cidade, deste Estado, pelo seu talento, mais intensificam e aprimoram as suas raízes populares, ao contrário de tantos a quem o sucesso sobe à cabeça e às vezes os leva a negar essas raízes populares.

Talvez, a característica mais marcante e comum as duas homenageadas desta noite, a artista Beloni e a Banda Motivos Óbvios, seja a autenticidade. Autenticidade lembra raízes e raízes lembra terra e povo. A terra como força cultural, como matéria, tão íntima da Beloni que, literalmente, transporta a terra para a tela nos seus belos quadros; o povo, com seus sofrimentos, seus saberes, e seus cantares, como fonte de inspiração da Banda Motivos Óbvios.

Unifica, ainda, as duas homenageadas, o compromisso com a crítica e a transformação social, sem cair no panfletarismo, nem sacrificar aquilo que é essencial à arte: a busca do belo, da emoção, do sublime. Ao contrário, a criatividade e a beleza invadem e transbordam a nossa alma logo ao primeiro contato com os quadros da Beloni, literalmente saídos da terra e com a magia dos sons, do ritmo e da poesia da Banda Motivos Óbvios.

Por isso, homenageá-las nesta noite é uma forma de resgatar as raízes culturais do povo brasileiro e do povo latino-americano, cuja identidade está cada vez mais ameaçada pela visão neoglobalizante do pensamento único, da massificação e da alienação cultural, social e política.

Parabéns, Beloni e a todos os integrantes da Banda Motivos Óbvios. E, sobretudo, muito obrigado a vocês pela sua arte, que nos ajuda a elucidar a vida, tornando-a menos árdua e repleta de poesia.

E por falar em poesia, eu encerro o meu pronunciamento lendo o que já se tornou quase uma tradição nas nossas homenagens propostas por mim aqui na Câmara, dois acrósticos que fiz em homenagem à Beloni e à Banda Motivos Óbvios. Modestamente, devo dizer que sou metido a fazer poesia. As poesias são de valor literário discutível, mas saíram do fundo do coração para homenagear a Beloni e a Banda Motivos Óbvios, que tem como uma das integrantes a Marieti, que conheço há longos anos e temos participado muitas vezes juntos do movimento comunitário e também em outras atividades políticas e sociais.

Então, eu vou apresentar esses dois acrósticos que fiz. O primeiro deles é o da Beloni, que se intitula: Beloni e a Terra. (Lê.)

Beleza, semente que se planta / Em meio à terra uma relação de amor e ternura / Luta pela terra - para amá-la, não apenas possuí-la / Olhando bem, tudo sai da terra e volta a ela. / Nesse ciclo, a terra chora à exaustão / Indefesa, abriga-se nas mãos de Beloni / até virar arte e descansar na tela.”

Esse acróstico eu fiz para ti, Beloni. (Palmas.)

Para a Banda Motivos Óbvios, também fiz um acróstico que diz assim: (Lê.)

Muito reggae / O ritmo pulsa / Tanto quanto a vida /Inunda o mundo / Voa nas asas do som / Onde há som e ritmo / Sempre há alma, / sonho / esperança. /

Óbvios motivos tantos / Brandos ou brutais / Velejam na poesia / Impossível não reconhecer, cantarolar / O canto da vida - dores e alegrias / São infinitas as razões do nosso viver /  e do nosso cantar.”

Essa é a minha homenagem a vocês. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Ver. José Valdir, nós o convidamos para fazer a entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues à Banda Motivos Óbvios, para a sua representante, a vocalista Marieti Pacheco.

 

(É feita a entrega do Prêmio.) (Palmas.)

 

Solicito ao Ver. José Valdir que faça a entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues à Artista Plástica Beloni Ferreira.

 

(É feita a entrega do Prêmio à Sr.ª Beloni Ferreira.)

 

A Sr.ª Marieti Pacheco, representante da Banda Motivos Óbvios, está com a palavra.

 

A SRA. MARIETI PACHECO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Prometi a mim mesma que não ia me emocionar, mas fiquei emocionada e a metade do que ia falar já esqueci. Na verdade, este prêmio tem uma grande importância, não só pelo que ele significa, mas pelo nome que ele leva, de um grande artista, músico de grande sabedoria, de poesia. É claro que todo artista gostaria de ter esse reconhecimento, já que é tão difícil o incentivo, é tão difícil o acesso à qualificação. E nós batalhamos durante dez anos; desde 1990, a Motivos Óbvios está aí batalhando, de um jeito ou de outro, atrás de músicos, atrás de shows, tentando ter um cachê digno, essas coisas que todo o artista enfrenta, seja ele das artes cênicas ou das artes plásticas, enfrentamos tudo isso. Infelizmente a cultura tem poucos incentivadores.

Quanto ao nosso comprometimento com a sociedade, dá para notar que as letras das nossas músicas falam do ódio, mas incentivam o amor; falam da guerra, mas pedem a paz; falam de toda discriminação, mas pedem pelo direito e pela justiça.

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que até hoje nos acompanharam, aos amigos compositores, que cederam gentilmente as suas músicas; aos nossos parentes; a todas as pessoas que acreditam no trabalho da Motivos Óbvios.

Gostaria de agradecer ao Ver. José Valdir, grande amigo, pela proposição deste prêmio; a todos os componentes da Câmara e aos demais presentes. por participarem desse momento tão importante para a Banda. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Sr.ª Beloni Ferreira, que recebe o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues de Artes Plásticas, está com a palavra.

 

A SRA. BELONI FERREIRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu agradeço a esta Casa, ao Ver. Adeli Sell que está presidindo esta reunião e, especialmente, ao Ver. José Valdir por me oferecer este prêmio, oferecendo a um trabalho que, parece-me, ainda tem uma trajetória a ser cumprida. No entanto, há um subproduto desse trabalho que parece estar pronto e acabado, que são as oficinas nas quais há centenas de crianças que já passaram por elas e se expressaram por meio desse rico material chamado terra.

Peço permissão para os componentes da Mesa e para o Ver. José Valdir para oferecer também este prêmio às crianças, colocando-os como meus aliados, porque elas passaram por essas oficinas e foi uma experiência fantástica, maravilhosa. Para representar todas essas crianças, eu convidei as crianças do Lar e Creche Vó Maria que aqui estão na minha frente. Por que eu procurei essa Casa? Porque é lá no Lar e Creche Vó Maria que se pratica a mais maravilhosa forma de arte, que é a forma de arte da partilha, do amor e da convivência. Na minha trajetória, eles foram quase que um laboratório inicial para as minhas oficinas, e aquela casa continua sendo a que tenho como maior referência, pelo amor e pela partilha que lá existe e por essa forma de arte, porque para mim também é uma modalidade de arte o saber viver. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Convido os alunos do Lar e Creche Vó Maria a entregar um ramalhete de flores à Sr.ª Beloni Ferreira.

 

(Procede-se à entrega das flores.) (Palmas.)

 

A SRA. BELONI FERREIRA: Quero explicar ainda que essa casa é um lar. Portanto, há adolescentes, crianças. Lá existe o que há de mais belo na face da terra, que é a vida que desponta nessas crianças maravilhosas. Muito obrigada por terem vindo, representando todas as outras que passaram pelas oficinas.

Muito obrigada ao Ver. Adeli Sell, ao Ver. José Valdir, a esta Casa, ao representante do Sr. Prefeito e ao representante da Secretaria de Cultura que se encontram presentes. Muito obrigada, mais uma vez, por esta premiação.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Sr.ª Beloni Ferreira e a Banda Motivos Óbvios tenham a certeza de que as palavras do Ver. José Valdir são palavras de representação também desta Casa, à medida que foi aprovado por todos os Vereadores. Acredito que, mais do que isso, as palavras do Ver. José Valdir são, de fato, a representação pulsante do que pensa o povo da nossa Cidade, o qual representamos. Queremos, cada vez mais, valorizar a arte das pessoas que aqui moram e convivem com a Cidade de Porto Alegre. Inclusive, a Câmara Municipal, nesses últimos anos, tem sido um espaço para as manifestações culturais, sejam apresentações em geral, e suas galerias têm servido para exposições de obras artísticas de modo geral.

Vamos ouvir a Banda Motivos Óbvios.

 

(A Banda Motivos Óbvios executa as seguintes músicas: Quadrilha, Jah Children e Direitos Iguais.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Muito obrigado à Banda Motivos Óbvios. Que os sons, as cores, a terra e, sem dúvida nenhuma, a primavera que está chegando, nos guie para dias melhores e para direitos iguais.

Convido a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h27min.)

 

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